rio de fevereiro. calor, 40 graus. cerveja xoxa e mijo. carnaval. ah, carnaval. este, que tornou-se objeto de pesquisa de antropólogos e sociólogos, que inflama o coração dos mais apaixonados, que derrama lágrimas dos mais emocionados. ele, que colore a cidade, desde os dias em que o perfume era usado para sorrir. desde os dias em que cartola era mais do que um chapéu.
mas não se engane. a luta apenas começou. basta acreditar, que a infância brota dos bueiros da cidade. despedaçando alvarás. destituindo leis. você talvez precise vencer desafios (atravessar alguns túneis, pode ajudar), mas por aquelas bandas - que não são bem as de ipanema - você vai se reencontrar. se reconectar. os bate-bolas. as serpentinas. as cores. as fantasias! por estas ruas, empoeiradas, veremos sorrisos. e por lá, dançaremos, juntos.
(baiana system – o carnaval quem é que faz?)
dê à um homem uma máscara, e ele lhes dirá a verdade. dizem isto por aí. e, pensando bem, eles tem razão. na verdade, era disto mesmo que a nossa cidade, precisava: acreditar, de verdade. na fantasia. num carnaval como catarse. num carnaval como resgate. que reúne crentes e mais crentes em seus ritos de desconstrução de gêneros, de regras. nesta semana sagrada onde não existe o sagrado. não existem cruzes, não existem reis, a não ser os momos.
ainda encucado nessa questão da fantasia, eu me pergunto: e para nós, fotógrafos? que fantasia seria melhor do que uma câmera? que lugar no espaço e no tempo, seria melhor para perdermos as inseguranças, e fantasiar? documentar as belezas do caos que nos cerca, sem julgamento, sem preconceito?
como diriam os fotojornalistas: “f/8 and be there”. o mistério, o próprio carnaval nos traz.
e, então, quando percebemos: quarta-feira. as cinzas. tempus fugit, amigos. e, neste decorrer, pensamos sobre o que experimentamos. e, ah... como ouvi um dia, entre uma cerveja e um riso: “cada bloco, um amor”.
então, você corre ao laboratório, com suor nas mãos e sonhos nos olhos. a fotografia analógica, assim como o carnaval, nos permite fantasiar. não existe controle. e quando você vê as imagens, você suspira. cabe aqui uma pequena correção ao entreouvido pelo rio de janeiro: “cada frame, um amor”.
a fotografia analógica nos proporciona isto. conectar. o carnaval, nos proporciona isto. resgatar. e, por isto, nos unimos. e cantamos, e dançamos. para resistir em uma cidade fragmentada.
para mergulhar ainda mais no processo, visite a seção #ishootfilm, no i hate flash. lá, ao lado de 04 fotógrafos, expomos as emoções que registramos da folia.