o eduardo magalhães pescou fotografias. e hoje as traz, frescas, à nossa rede. com vocês, o marujo dudu e o seu diário de bordo:
viagem no espaço e no tempo do imaginário, por eduardo magalhães
a fotografia surgiu para mim, muito de repente. não sabia muito o que fazer da vida, quando, no meio do colegial, andando por alguma livraria da cidade, por acaso encontrei um livro sobre fotografia. esse livro me encantou. abriu mais uma porta de interesse naquela adolescência repleta de física e química (e eu nunca imaginei que iria gostar disso por conta da fotografia, hahaha!).
mas isso não importa. agora, eu quero falar do presente e da minha relação com minha "nova" câmera - a nikon f3 - e o que eu tenho clicado com ela.
não venho aqui para escrever sobre técnica, expor gráficos, ou algo semelhante. o texto hoje é uma viagem no espaço e no tempo. o que eu tenho feito misturando a f3 com filmes. então, vamos por partes:
capítulo 01:
ilford delta 400
meus primeiros cliques com a f3 foram em uma viagem que fiz para ibiza. não fazia idéia do que aconteceria, então, coloquei um ilford delta 400 na câmera e fui curtir. faltou tempo e disposição para clicar, ainda estranhava o peso e o tamanho da f3, fora que eu estava em um misto de curtição e descanso. enfim, acabei pegando a câmera mesmo em um único dia que fomos parar em uma praia, no fim de tarde.
tempo nublado, ventando um pouco e apenas crianças brincando na água. ao lado, pescadores saindo do mar com suas embarcações. encontrei ali, um cenário possível. luz caindo me deixou com receio do clique em iso 400, mas confiei, e mantive o iso em 400.
o resultado foi inesperado. algo entre um cenário de filme de terror em contra-ponto com a agitação das crianças que brincavam de jogar pedras na água, para vê-las quicando até afundarem... e trazerem aquela sensação angustiante de querer jogar outra, e mais outra... sabe?
mas, essa viagem não acaba por aqui. fiquei com a câmera para por um tempo, em um período que fiquei desanimado com a fotografia. peguei a câmera quase um ano depois, com aquele mesmo filme, e quando peguei, nem sabia mais o que tinha clicado. assim, fui para o uruguai.
"ah, agora sim! férias, vou clicar!"
eu tinha apenas as últimas poses, era noite, no quarto do hotel. acabou que terminei o filme ali mesmo, com algumas fotos da manoela.
dessa maneira, descobri a importância de usar o mesmo filme em locais diferentes: a surpresa.
capítulo 02:
fuji pro 400h
o renato galvão me deu esse filme. nunca tinha clicado com ele, mas sabia que a fuji fazia um filme mais 'frio'. então, busquei compor imagens que fizessem sentido com essa temperatura.
e não é que esse tal de pro 400h, é uma delícia de fotografar? foi pura diversão! e tons e mais tons azuis para anunciar o início das minhas tão esperadas férias. (infezlimente, minha 50mm ai-s quebrou no meio da viagem e foram apenas esses cliques. o resto, ficou na memória.).
capítulo 03:
ilford delta 100 @ 800
mais experiente, resolvi ousar um pouco mais. peguei um ilford delta novamente, mas dessa vez, iso 100. estava em magé, onde além de uma luz linda, os cenários de uma clássica casa do interior pediam algo mais profundo. então lá fui eu:
"vamos clicar em 800!"
até agora, e sem dúvida, essa foi uma das melhores combinações: nikon f3 + ilford delta 100 @ 800. contraste significativo, porém, com belos tons de cinza.
o resultado foi basicamente de ambientes e milhões de histórias. reais ou imaginárias. essas histórias foram se compondo da minha cabeça, e me fizeram amar o resultado e seguir em frente. estava aí a combinação da minha primeira série fotográfica.
capítulo 4:
kodak portra 400
para terminar essa viagem no tempo e no espaço, chego ao tão amado portra 400. eu sabia que a f3 precisava de um filme clássico. então, lá fomos nós.
a câmera estava com filme de uma ida à nova iguaçu e eu imaginei que andar por copacabana teria algo em comum com o município do subúrbio do estado.
dito e feito. ao meu ver, o mesmo humor pode ser observado e clicado nesses dois ambientes tão distantes, mas ao mesmo tempo, tão próximos.
para mim, mineiro de belo horizonte, o cenário carioca é completamente diferente de tudo que já vi, e eu amo demais suas particularidades. de norte a sul, tudo que encontramos aqui é parte de um contexto imaginário e repleto de histórias e viagens no tempo.
e, por aqui, nos despedimos do dudu. au revoir, au revoir!
esperamos você nesta ou em outra embarcação da companhia. e, que seu olhar, despeje mais e mais histórias em nossas areias.
obrigado, e até a próxima!